Transformação digital no Brasil ainda enfrenta barreiras como resistência à mudança e falta de habilidades. Veja 5 dicas práticas para líderes e RHs superarem esses desafios e impulsionarem a inovação nas empresas.
A transformação digital no Brasil avança, mas ainda engatinha. Mesmo diante de tecnologias cada vez mais acessíveis e da urgência de adaptação no mercado, muitas empresas ainda esbarram em obstáculos antigos, como resistência à mudança, falta de habilidades digitais e infraestrutura deficiente.
Um retrato dessa realidade aparece no Índice de Transformação Digital Brasil (ITDBr), desenvolvido pela PwC, que revelou uma média nacional de 3,3 pontos em 2023 — número considerado baixo para o estágio atual de inovação global. Além disso, o estudo destaca a urgência na formação de novas competências digitais, cuja nota também foi modesta: 3,4.
Diante desse cenário, Mariana Kobayashi, cofundadora da Tech do Bem, reforça que não se trata apenas de adotar ferramentas digitais, mas de cultivar uma cultura de inovação e aprendizagem contínua. “Transformação digital não é um projeto com começo, meio e fim. É uma jornada. E ela só acontece quando a empresa está disposta a se reinventar o tempo todo”, afirma.
Pensando nisso, Mariana lista cinco atitudes que podem ajudar empresas de todos os tamanhos a enfrentar os desafios da transformação digital com mais preparo — e menos resistência. Confira:
1. Estimule a inovação antes de esperar por ela
A inovação precisa ser cultivada antes de ser cobrada. Para Mariana, uma forma prática de fazer isso é criar espaços e rituais voltados à experimentação. “Empresas podem implementar um laboratório de inovação, onde equipes multidisciplinares se reúnem para testar ideias, explorar tendências e criar soluções reais. Isso ajuda a construir uma cultura de curiosidade, troca e aprendizado.”
2. Invista em mentoria reversa: os jovens também têm muito a ensinar
Ponto pouco explorado, mas de grande impacto: unir gerações para compartilhar saberes. A mentoria reversa conecta colaboradores mais jovens, geralmente com maior domínio de ferramentas digitais, a líderes mais experientes. “É uma troca que beneficia os dois lados: um executivo sênior aprende sobre redes sociais, por exemplo, enquanto compartilha visão estratégica. É uma ponte entre gerações que fortalece a cultura organizacional e acelera o aprendizado”, explica.
3. Organize maratonas de aprendizagem prática
Hackathons, ideathons e inovathons são mais do que moda — são ferramentas eficazes de desenvolvimento. “Esses eventos colocam os colaboradores em contato com desafios reais, estimulando criatividade, trabalho em equipe e aplicação prática de conhecimentos digitais. Além disso, despertam a vontade de inovar e contribuem para uma cultura de protagonismo e colaboração.”
4. Adapte o aprendizado ao ritmo da sua equipe
Não adianta empurrar cursos extensos e teóricos para times que já estão sobrecarregados. Mariana defende o uso de estratégias como microlearning — conteúdos curtos e objetivos, fáceis de serem consumidos ao longo do dia. “Isso permite que a aprendizagem se encaixe no ritmo do colaborador, tornando o processo mais leve e eficaz. E, o mais importante: promove o hábito de aprender continuamente.”
5. Equilibre inovação e gestão de riscos
Inovar não significa agir no impulso. Mariana sugere uma abordagem testada e validada: a inovação aberta com gestão de riscos. “Teste ideias em pequena escala antes de expandir. Isso ajuda a identificar possíveis riscos, corrigi-los e ajustar a rota sem comprometer a estabilidade do negócio. Inovação com responsabilidade é o caminho mais sustentável.”
A chave está na cultura e na coragem de mudar
Para Mariana, o maior desafio da transformação digital está, na verdade, nas pessoas — e não na tecnologia. “As ferramentas estão aí. O que falta, muitas vezes, é disposição para aprender, errar e tentar de novo. As empresas que mais vão crescer nos próximos anos serão aquelas que tiverem coragem de criar um ambiente seguro para a inovação.”
E a boa notícia é que ainda dá tempo de virar o jogo. Com ações simples, consistentes e voltadas ao desenvolvimento humano, a transformação digital pode deixar de ser um obstáculo para se tornar uma vantagem competitiva real.